Na noite de 5 de novembro de 2025 a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo PDL 3/2025 — que susta partes da resolução do Conanda sobre atendimento e acesso ao aborto legal para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. A proposta passou por 317 votos a favor, 111 contra e 1 abstenção e segue agora para o Senado. Entre os deputados com ligação a Trindade-GO, Silvye Alves votou a favor do PDL; Flávia Morais não participou da votação. Nesta matéria explicamos o que é o PDL, como votaram as parlamentares de Trindade, com análise de antecedentes, interesses e os prós e contras dessa escolha para o eleitorado local.

O que o PDL 3/25 muda

O PDL 3/2025 susta trechos da Resolução do Conanda que flexibilizavam requisitos (como boletim de ocorrência, consentimento dos responsáveis ou aval judicial) para permitir que crianças e adolescentes vítimas de violência sexual tenham acesso imediato ao aborto legal em situações previstas em lei. Seus autores afirmam que a resolução extrapolou competências do Conanda; críticos dizem que o PDL retira proteção e cria barreiras para vítimas vulneráveis. O texto aprovado na Câmara aguarda a análise do Senado.

Como votaram as deputadas de Trindade-GO

• Silvye Alves (UNIÃO — deputada federal eleita por Goiás): votou a favor do PDL (ou seja: sustentação da resolução — voto alinhado ao projeto que dificulta a aplicação da diretriz do Conanda). Esse registro aparece na lista nominal de votos divulgada pelos veículos de imprensa que acompanharam a votação.
• Flávia Morais (PDT — deputada federal, ligada a Trindade): não participou da votação — constam relatórios locais que listam Flávia entre os deputados ausentes naquela sessão. A página oficial da deputada destaca que uma das frentes de seu mandato é “defesa das mulheres”, o que torna a ausência politicamente relevante e passível de interpretação pública.

Contexto e reação institucional

Autorias e relatoria do PDL destacaram hábil argumento técnico (competência do Conanda), mas setores da área de direitos humanos — inclusive o Ministério das Mulheres — manifestaram preocupação, afirmando que a suspensão de diretrizes pode reduzir o acesso efetivo ao atendimento humanizado e imediato de vítimas. A cobertura nacional e local enfatizou o impacto prático: burocratização, risco de retraumatização das vítimas e aumento de barreiras para atendimento médico.

Perfil e histórico de voto das deputadas — o que ajuda a entender a decisão

Silvye Alves

• Eleita como a deputada federal mais votada por Goiás em 2022, Silvye construiu perfil público associado a pautas de segurança pública e combate à violência (vindo do jornalismo de TV), e tem posicionamentos mais alinhados ao bloco conservador em pautas morais/valores. O voto a favor do PDL está coerente com a coalizão que predominou na Câmara nesta votação. Para parte do eleitorado religioso e conservador de Goiás, esse posicionamento gera adesão; para eleitorado progressista e movimentos de defesa dos direitos sexuais e reprodutivos, gera crítica e preocupação.

Flávia Morais

• Flávia tem trajetória mais associada a pautas sociais (saúde, defesa das mulheres, trabalho). A ausência na votação abre espaço para interpretações conflitantes: pode ser vista como decisão administrativa (agenda, compromissos, problemas de calendário) ou como fuga de tema polêmico. Localmente, sua base em Trindade tem eleitores de diferentes orientações — há parcela conservadora rural, mas também eleitores urbanos e ligados a pautas sociais. A ausência, num tema que envolve direitos das mulheres ou proteção a vítimas infantis, é politicamente sensível e deve ser justificada publicamente pelo gabinete para evitar desgaste.

Análise de interesses: por que cada voto (ou ausência) faz sentido — e quais são os riscos

Para Silvye Alves — prós

• Consolida apoio da bancada conservadora e de líderes religiosos que pressionam por regras mais rígidas.
• Coerência com posicionamentos eleitorais em temas “valores” (ponto valorizado por eleitores que entenderem a pauta como proteção à família/infância).

Para Silvye Alves — contras

• Alienação de parcela da opinião pública que defende aborto legal ou atendimento humanizado às vítimas de violência sexual.
• Risco reputacional entre mulheres e organizações de direitos humanos em Trindade e Goiás; pode virar alvo em campanhas futuras por grupos progressistas.

Para Flávia Morais — prós (da ausência, do ponto de vista tático)

• Evita confronto direto em uma votação polarizada (se a estratégia for não ferir diferentes grupos do eleitorado local).
• Preserva capital político se for comunicada e justificada por motivos aceitáveis (saúde, compromisso oficial).

Para Flávia Morais — contras

• Interpretação pública negativa: eleitores podem entender a ausência como omissão em tema que envolve proteção de crianças.
• Cobertura adversa da oposição pode transformar a ausência em narrativa de falta de compromisso com a pauta dos direitos das mulheres (especialmente porque seu perfil público inclui atuação em saúde/defesa feminina).

O que muda para o eleitorado de Trindade — e o que acompanhar

1. Impacto concreto: se o PDL for mantido pelo Senado, diretrizes que facilitavam atendimento poderão ser limitadas, o que na prática significa mais entraves para acesso ao aborto legal em casos já previstos por lei — com possível aumento de burocracia e necessidade de boletim de ocorrência/jurídico. Isso afeta diretamente famílias e serviços de saúde locais.
2. Como a Prefeitura/Secretarias locais devem reagir: unidades de saúde e assistência social precisarão ajustar rotinas se a norma for suspensa; é importante que a população de Trindade cobre transparência e planejamento das gestões locais.
3. Pauta para eleitorado: organizem perguntas diretas a ambos os gabinetes — por que Silvye votou assim? por que Flávia não participou? — e exijam posicionamento público claro. Em eleições e processos de prestação de contas, essas respostas contam.

Conclusão

A aprovação do PDL 3/2025 na Câmara é um recado da correlação de forças nacional: a bancada conservadora conseguiu maioria suficiente para sustar diretrizes do Conanda. Em Trindade-GO, Silvye Alves alinhou-se à maioria, enquanto Flávia Morais ausentou-se — duas decisões que têm consequências políticas distintas para suas trajetórias e que devem ser explicadas ao eleitorado. Para o público de Trindade, a pergunta é clara: que medidas práticas garantam proteção e atendimento imediato às vítimas no âmbito municipal e estadual caso o PDL siga em frente? Essa é a pauta que merece pressão cívica e resposta pública dos representantes.

Fontes e leitura adicional (links usados)

• Câmara dos Deputados — notícia oficial sobre a aprovação do projeto (PDL). (Portal da Câmara dos Deputados)
• Poder360 — cobertura e números da votação (PDL 3/25 aprovado em 5.nov.2025). (Poder360)
• CartaCapital — lista nominal de como votou cada deputado (inclui registro de Silvye Alves votando “Sim”). (CartaCapital)
• Jornal Opção / G5News / Mais Goiás — apuração local sobre a bancada goiana, apontando Flávia Morais ausente na sessão. (Jornal Opção)
• Agência Brasil — texto explicativo e contexto do projeto. (Agência Brasil)
• Nota do Ministério das Mulheres — posicionamento institucional sobre o PDL e preocupações com direitos das vítimas. (Serviços e Informações do Brasil)
• Perfil dos deputados (páginas oficiais da Câmara): Flávia Morais (biografia e atividades) e Silvye Alves (perfil e atuação). (Portal da Câmara dos Deputados)

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